domingo, 5 de junho de 2011

borboletas


 


 

Borboletas (nova versão)

Ansiedade. É isso o que faz com que meu estômago fique cheio de borboletas. E elas estão vivas, voando, até. Eu estou simplesmente apavorada.

— Tem muita gente aqui. – comentei.

— E isso é ruim? Pensei que fosse bom. – disse Lizzie olhando por uma fresta na cortina. – todos eles vieram ver você. Não era o que queria?

Ela parecia uma vozinha em minha cabeça, que me deixava confusa. Era o que eu queria, sim, mas eu estou com medo de não conseguir, afinal tem muita gente aqui.

— Em cinco minutos você entra. – disse o produtor apontando para o relógio. Ele saiu rapidamente, me deixando mais uma vez sozinha com Lizzie.

— Você acha mesmo que eu consigo? – perguntei.

— Você está brincando? É claro que sim, Hermione, você nasceu para isso! Aqui, no palco, é o seu lugar, sempre foi. E não adianta me dizer que não consegue porque você já fez isso antes, quando lançou seu livro. Cantar não é muito diferente.

— Você se lembra? – perguntei admirada que Lizzie se lembrasse de algo tão distante.

— Não faz muito tempo, foi em... 2011.

— 2010. Ano difícil aquele. E o começo de 2011 também, então você não está totalmente errada. – eu comentei.

— Quando você conheceu uns amigos que apreciavam literatura...

— E isso fez eu querer voltar a ser escritora. Foi.

— Acho que conheço bem essa história. Para resumir, você conseguiu ter o que queria, mas para isso perdeu o que tinha para consegui-lo.

— Nem me lembre. – eu comentei com Lizzie. – emprego, namorado... Tanta coisa ficou para trás, mas a literatura preencheu o espaço vazio em minha vida. Fiquei inconsolável por meses por ter perdido aquilo que era importante para mim.

— Como você vivia dizendo, - disse Lizzie. – além de o destino te empurrar de volta ao seu sonho de infância, acabou despertando em você o desejo de voltar a escrever, como nos tempos do colegial.

Lizzie olhou outra vez pela fresta e viu uma platéia que aguardava ansiosa.

— Gosto do seu estilo de escrever. Seu livro é bom, e suas canções são bem legais. Com o passar do tempo, seus textos foram amadurecendo, ficando mais concretos, assim como você.

— Acho... – gaguejei. – que é por ai.

— Afinal, quem você é, o que você quer, o que é você? – perguntou Lizzie fingindo exasperação.

— Eu não sei, e por enquanto quero deixar como está. Quase tudo o que eu quero eu não posso ter.

No fundo, Lizzie sabia o quanto esse momento era importante para Hermione. Ela já sabia disso antes da própria Hermione, ela só quis deixar tudo acontecer naturalmente para que a garota encarasse isso como um aprendizado, para que as duas pudessem ter esse momento, essa realização. Pois como ela mesma sempre dizia, era necessário aprender com os erros, tirar o melhor até de onde não pudesse ter um lado bom.

— É agora, senhorita Sullivan. – disse o produtor.

— Agora é a sua vez de mostrar a eles o talento que você tem. Garota sobe naquele palco e arrasa!

Hermione ainda pensava em muitas coisas quando subiu aquelas escadas, dedilhando com seu violão. Sentia a mente vazia e cheia ao mesmo tempo, como se as borboletas que voavam em seu estômago também estivessem em sua cabeça.

Mesmo assim, conseguiu ter força suficiente para caminhar com pés pesados como chumbo, apesar de quase não agüentar o peso de suas pernas. Ao olhar para trás, viu a garota que conversava com ela sorrir ao perguntar:

— Eu já sei a resposta, mas gosto de perguntar mesmo assim: Peter Harry Peverell, o Pedro Peverell do seu romance, foi inspirado em quem mesmo?

— Se você já sabe a resposta, que graça tem eu responder mais uma vez!?


 

P.S. Segue texto da canção que Hermione cantou naquele dia:


 


 

A voar

Borboleta voe para bem longe daqui

Para um lugar em que você possa encontrar

Liberdade para viver.


 

Borboleta cumpra sua função

De bater asas e alegrar quem te vê

Aproveite esta curta vida para sentir

Para amar, ver, sorrir

Voe para algum jardim, mas bem longe daqui

Em que você possa admirar as flores

E fazer parte do mundo a qual sempre pertenceu.


 

Pequena borboleta, que antes era uma pequena lagarta

Cresceu e descobriu o quão grande o mundo era

Viveu até cansar, foi até onde já não mais podia

Até um belo dia pousar em uma concha vazia

Aquele foi seu último bater de asas, seu último dia.


 

Agora ela batia suas asas bem longe daqui

Nas terras do além-mar, além do horizonte sem fim

Ela sente a leveza de seu voo, nas suas asas, a voar.


 


 

Por
Hermione N. Sullivan.


 


 


 


 


 


 

Um comentário:

  1. esse faz parte de uma série que eu costumo definir como "Profissões que realizam seus sonhos". tem outras pela frente, aguardem.

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