quinta-feira, 28 de maio de 2015

Série do Dia: Revenge


 
 
 
          A série é baseada no livro " O Conde de Monte Cristo", do francês Alexandre Dumas, mas não se engane, aqui você não vai ver um dramalhão tipo novela das 21h, muito pelo contrário, a personagem central Emily Thorne/Amanda Clarke mostra a que veio logo de cara.
         Assim como no livro de Alexandre Dumas, na série a motivação também se dá com a prisão de um inocente. No livro, o próprio personagem principal volta e se vinga de todos, na série, quem assume as rédeas da vingança é a filha de David Clark, que foi acusado pela família Grayson de ser o mentor de um ataque terrorista. Desde criança, Amanda sempre teve a imagem de seu pai sendo preso em sua mente e jurou que todos aqueles que fizeram este mal a ele iriam pagar. Não só pelo seu pai, mas pela sua vida depois disso,indo parar em diversos orfanatos e reformatórios desde então, o que acabou gerando uma momentânea revolta do pai por ter sido preso, mas foi coisa de um ou dois episódios.
         Ao completar 18 anos, o amigo da família, Nolan Ross, vai resgatá-la do reformatório e lhe entrega um presente de seu pai: a caixa do infinito, no qual constam todos os diários e provas de sua inocência, além do poderio de toda a fortuna da família. Em um dos diários, ela encontra uma carta de seu pai em que ele pede para ela esquecer o passado, superar o que aconteceu e perdoar todos aqueles que os fizeram mal. Óbvio que ela optou pelo caminho mais fácil : se vingar daqueles que fizeram mal a ela e sua família, ou seja todos os Grayson sendo os principais alvos. Logo no primeiro episódio ela já declara:
                    
  "This is not a story about forgivness, it's a story about revenge".

 
 
         Através dos diários de seu pai e com a ajuda de seu amigo Nolan, que acaba se tornando seu parceiro por toda a série, ela consegue se infiltrar na comunidade de ricaços dos Hamptons disfarçada de Emily Thorne, nome que ela trocou com sua colega de reformatório. Como uma socialite que só quer se enturmar, ela se aproxima do filho da família Grayson, Daniel, fazendo-o se apaixonar por ela, e com isso ela se aproxima mais do covil do inimigo e arquiteta todo um plano para destruir todos eles e de quebra ainda descobrir quem mais participou da armadilha contra seu pai e ter sua vingança também, tudo isso entre uma tarde com as novas "amigas" e os preparativos do casamento do ano.
        O que eu mais goste na série foi justamente a construção e evolução dos personagens, todos eles conquistaram o público porque tinham a dose certa de bem e mal, nada ali era preto no branco, ninguém era perfeito. Cada personagem tem suas complexidades e características únicas. Outro grande destaque da série é o fato de ela ser totalmente #girlpower. Os personagens homens são coadjuvantes, estão ali para seguir ordens das mulheres que são as rainhas dominantes da série, além das protagonistas Emily Thorne e Victoria Grayson. Os personagens masculinos são simpáticos e muito cativantes, além de eles ajudarem tanto a mocinha como a vilã em seus objetivos, mas no fim das contas, elas sempre ficam por cima em tudo. Mas os personagens masculinos garantem um bom equilíbrio à série, principalmente os que estão do lado da Emily, já que os que estão do lado da Victória são todos manipuláveis. Todos os personagens, sejam eles masculinos ou femininos,  garantem o tom da série, uma série de muitas facetas e com roteiro bastante consistente.
         Uma das coisas que eu mais gosto na série é a forma como cada personagem revida a um ataque. Elas sabem pisar nas inimigas na ponta do salto e incomodar onde mais dói sem precisar puxar os cabelos de ninguém. Em nenhum momento Emily saiu no tapa com ninguém ali, porque ela é uma moça de classe. E esse é justamente outro ponto que eu gostaria de tratar aqui: em determinado momento da série, Emily é vista como vilã, e embora seus atos sejam um pouco controversos, há uma justificativa para tudo e você sempre acaba torcendo por ela porque no fim das contas, Emily tem um código de honra para com seus inimigos. A ordem é fazer eles sofrerem em vida, eles têm que perder tudo o que um dia já conquistaram, assim como fizeram com ela e o pai. Ver os inimigos sofrerem dá sim uma satisfação pessoal, mesmo que você nunca consiga sua vida antiga de volta, é bom mostrar aos inimigos que "aqui se faz, aqui se paga". Voltando ao código de honra de Emily Thorne: ela nunca matou ninguém, nunca se rebaixou ao nível de seus inimigos. O mais próximo que ela chegou disso foi torturar e sequestrar seus inimigos em troca de respostas ou uma confissão pública, como no final da terceira temporada. Código que, infelizmente, não é seguido por seus inimigos, que são implacáveis na hora de armar contra ela. Mesmo ela tendo muitas habilidades, ela acabou perdendo muitos amigos no caminho simplesmente porque cruzaram o caminho de seus inimigos, fazendo- a pagar com sofrimento. Mas Emily não é de desistir fácil: seu principal motivo de vingança sempre foi inocentar seu pai, que morreu como um assassino terrorista e ela era praticamente a única a saber a verdade e sua missão incluía não só se vingar de todos os que fizeram seu pai ser preso e morto, como também reunir provas que a levassem a reabrir o processo de prisão de seu pai e enfim inocentá-lo. No meio do caminho, sua vingança se torna maior justamente porque sua lista de inimigos aumenta e seus instintos de vingança também, já que eles ferem e matam pessoas importantes para Emily.
              Emily realmente não deixa nada para trás, nem ninguém para trás, nunca deixou um serviço pela metade e em se tratando de vingança, ela sabe ser implacável sem com isso perder sua alma. Mas trata-se de um caminho tortuoso e sem volta esse ciclo de vingança, algo que ninguém deve fazer porque é algo muito perigoso, e muito mais do que sua vida estará em jogo. Emily fez e conseguiu escapar das consequências de forma magistral, mas com a ajuda de seus amigos, principalmente Nolan, que entende tudo no mundo sobre tecnologia. Além de amigos, muito dinheiro também ajuda na hora de concretizar seus planos. Como ela disse no final "o carma a livrou da punição" por tudo o que ela fez, porque ela tinha plena consciência de que no momento em que ela iniciasse a vingança, seriam cavados dois túmulos: um para seu inimigo (Victoria Grayson, que foi quem começou tudo) e outro para ela, porém ela sobrevive e ganha um final feliz, não sem antes ganhar como ferida a triste lembrança de tudo e todos os que ela perdeu em prol de sua vingança, que só na última temporada ela percebe que não há mais sentido nisso. Mesmo ela ganhando um final feliz ao lado de seu amado (não direi quem, assistam!), ainda fica aquela sensação de que no fim saiu perdendo. O lado oposto também saiu perdendo, e de forma bem pior do que ela, diga-se de passagem, mas Victória também tinha seus motivos para agir como sempre agiu. Ela se tornou vilã porque a vida a fez assim, ela também passou por muita coisa para chegar aonde chegou e Emily, em busca de vingança, acaba destruindo tudo aquilo que Victória mais amava: a família Grayson. Não o legado, ou o dinheiro, mas a família toda se desfez, o que deixou Victória destruída e sedenta por vingança contra Emily. Como eu disse antes, um ciclo sem fim, que só acabaria com perdão ou morte.  
       

 
        

 
 
 
 
     
 

domingo, 17 de maio de 2015

resenha do livro "Doctor Who - A Mortalha da Lamentação"



autor - Tommy Donbavand
editora - Suma de Letras
176 páginas, brochura, português
preço sugerido - R$24,90


         Com essa resenha eu estou um pouco nervosa porque como amo Doctor Who a pressão é grande e eu não quero fazer feio para os fãs. Apesar de já terem lançado outros livros da série, confesso que este é o primeiro que eu li, e digo: foi o melhor livro do ano até agora! Sabia que não me arrependeria, justamente porque eu amo a série e o Matt Smith foi um dos meus Doutores preferidos.          O meu principal receio com relação a ler qualquer livro relacionado a série foi o pensamento (que imagino que deva ter passado pela cabeça de alguns fãs) de o livro acabar estragando o personagem que amamos ou a história ser totalmente "nada a ver" com a série, só pegar o personagem e inserir em uma história totalmente sem nexo, por exemplo. Mas meu medo se dissipou na primeira página.
         Sabe aquela sensação de nostalgia boa? Quando você se recorda de algo de sua infância, do tempo em que você era feliz (não, eu não sou tão velha assim, o décimo primeiro Doutor saiu só ano passado, mas sim, assistir Doctor Who me deixava, entre outros sentimentos, feliz, como poucas séries conseguem, isso se levar em consideração o fato que eu assisto muitas séries por semestre - ênfase no muitas!). O autor é fã declarado da série, e só podia ser, pois ele escreveu com uma paixão que só se vê em poucos autores hoje em dia. Me emociono ao lembrar do livro e recordar do excelente trabalho que o Matt Smith fez com o personagem. 
         No livro há várias referências a arcos exibidos anteriormente na série e a outros personagens marcantes, desde os regulares até os que, mesmo aparecendo em um único episódio, marcaram a vida do Doutor (saudades Astrid). Como o próprio Doutor disse uma vez que "nunca, em toda a sua existência, eu nunca conheci alguém que não fosse importante". E é isso que eu mais gosto nele, ele pega ao pé da letra a definição de "super-herói". E nessa história tem justamente isso, pessoas comuns cruzam o caminho dele e acabam salvando o dia e o mundo junto com ele e a Clara. Todos eles provaram seu valor na história, nenhum personagem passou de insignificante na história. 
        Minha intenção aqui é falar sobre esse livro especificamente, todas as impressões que eu tive dele, pois se eu falar sobre o personagem em si, o post ficaria enorme, pois há mais de 50 anos de histórias para contar. 
        Como os fãs devem saber, o "Doutor" é um viajante do tempo e do espaço, cuja nave espacial é uma TARDIS (Time And Relative Dimensions In Space) em formato de cabine telefônica azul do estilo anos 60 e que sempre viaja acompanhado, geralmente de um humano, sua espécie preferida em viagens - não que ele não tenha viajado com outros extraterrestres, mas a Terra é seu planeta preferido. Nesta história, ele viaja com a sua atual companheira Clara Oswald e por coincidência, ou pela força da vontade da TARDIS, eles foram parar nos EUA em 23 de novembro de 1963, logo após o assassinato do presidente Kennedy. A missão do Doutor é descobrir qual entidade ou extraterrestre está manipulando a mente das pessoas para que elas vejam imagens de entes queridos que já morreram e essas imagens entram na mente das pessoas, fazendo-as entrarem em desespero e morrerem, e o pior é que essas "mortalhas" estão se espalhando cada vez mais rápido e pelo mundo inteiro. Para derrotá-las, o Doutor contará com a ajuda de um policial, uma repórter e uma turma de palhaços, mas ainda assim ele terá que ser muito forte, pois em se tratando de perder as pessoas que ama, o Doutor é expert nisso, ou seja, prato cheio para as mortalhas. Será que ele vai conseguir, mesmo contando com ajuda? 
        Excelente leitura para um fim de tarde, pois ele é bem fininho, e de quebra ainda mata a saudade de um dos melhores Doutores na minha opinião. Super recomendo!
                       Até logo! 

RESENHA DO FILME: "NÓS QUE AQUI ESTAMOS, POR VÓS ESPERAMOS"



“Nós Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos”

Gênero: documentário.
76 minutos, Brasil, 1998.
Direção: Marcelo Masagão, responsável também pela produção, pesquisa e edição do filme.
Música: Win Mestens.
Consultoria de história: José Eduardo Valadares e Nicolau Sevcenko.
Consultoria de psicanálise: Andréa Meneses Masagão e Heidi Tabacov.

      O documentário, que ganhou vários prêmios Brasil afora, retrata em imagens e com trilha sonora melancólica, toda a história do século XX. O filme mostra o lado humano da história, evocando tanto a beleza quantos os horrores deste século. O título do filme é bem sugestivo com relação ao contexto. Trata-se de uma inscrição que fica na entrada de todos os cemitérios. O significado real não há, mas pode-se supor pelo contexto do lugar – “nós que aqui estamos (os mortos do cemitério) por vós esperamos (esperam pelo Criador)”.
       Todas as fotos, os textos, os trechos e as pessoas, são reais. São histórias que de fato ocorreram. Tragédias que aconteceram em nome do progresso da sociedade. No documentário são mostradas pessoas que ajudaram a construir este século que passou, tanto para o bem como para o mal. Inovações tecnológicas que podem nos ajudar, mas que também podem nos matar, como foi o caso da cena da invenção da eletricidade. Hoje em dia, o que seria de nós sem eletricidade, mas ao ser usada para a invenção das cadeiras elétricas, paramos para pensar onde tudo isso nos levou.
       Uma vez vi em uma série um personagem mencionou que em 900 anos ele nunca havia conhecido alguém que não fosse importante, e isso foi mostrado com bastante clareza no filme. Ao invés de registrar os acontecimentos em ordem cronológica, o diretor registrou em ordem de importância de cada um ali e também a importância de cada acontecimento. Tanto que o filme começa de forma bela, poética até, com cenas de uma peça de teatro francês do início do século passado e logo em seguida, palavras passaram explicando o quão repentino foi a passagem entre os séculos XIX e XX. Foi como se tudo acontecesse de um dia para o outro, totalmente de repente. Foi justamente essa a mensagem que o diretor quis passar para o público, que foi um século que passou depressa, com flashes de momentos belos e trágicos.
         Todo o filme passou como uma obra de arte, além de belo é muito difícil de ser absorvido. Inúmeras vezes, o filme pareceu muito confuso. A parte que mais me emocionou foi justamente o fato de o diretor dar mais importância as pessoas do que a história em si. Cada pessoa que ajudou a construir a nossa história, que foi marcada por momentos poéticos e momentos tristes. O filme foi um “tapa na cara” da nossa sociedade. Senti alegria ao ver todos aqueles rostos e revolta ao ver como foram destruídos todos estes rostos. Enfim, um filme impactante, que vai mexer com os seus sentidos.